sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

o diabo na encruzilhada

se me faltam palavras 
não me faltam caminhos

se me sobram impulsos
não me faltam guias

se me falta compreender
não me falta tempo

às vezes quem falta é a paciência 
com frequência ela se ausenta
mas eu é que faço ela se retirar

                  mea culpa, 
        vida em pranto, 
                        desalento.
uma preguiça descomunal dessa autopiedade desgraçada 


erro consciente é erro cobrado
em relação a si o preço é dobrado
a maldição no meio do caminho

dela você não foge
pra ela você olha
e ela gargalha
na encruzilhada
laroye.

estranho escolher sabendo que a gente é gente que faz mas também que é feito
sujeito de agir e ao mesmo tempo sujeito à condição que te impuseram ao nascer
sem escolher
agora tem que decidir
entre fazer e não fazer
Mojuba
já sabe pra onde tu vai caminhar
a gargalhada tá em te ver pensar que é sozinho que tu anda
a luz e a sombra andam contigo por todo o trajeto
do início ao fim
cabe observar a luz no meio do caminho

"teardrop on the fire"

(me sobram demônios 
e não me faltam tormentos
o inferno vem de olhos fechados
em noites calmas)

se a vida parecer banal
que seja.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

eu já fui assim risos

 quer saber o que me faz gostar de você?

você me faz querer viver a manhã,

tomar café olhando pela janela o mundo acontecer,

sair por aí e dar bom dia pra quem quiser ver

que eu amo você, verdadeiramente.

ficar perto de você, meu bem, me dá vontade de vida

de viajar, compartilhar, apontar coisa bonita pra você olhar,

ver você e perder qualquer noção de bloqueio: 

viver perigoso se torna um viver bonito,

um viver gentil.

gosto de você é igual gosto de água de rio 

mas daquele rio que fica longe de tudo, purificado pela corrente, pela frenética necessidade de mudança e de continuidade de seu caminho.

você é força e gentileza, 

e eu só agradeço pela oportunidade de juntar tanta palavra pra falar de um começo tão bonito, com cara de meio de caminho, já que o fim é uma ilusão. 

não espero nada de coisa alguma. 

só preciso expressar o que rasga meu peito, gentilmente, abrindo caminho pelas proteções que o mundo me fez criar; gentilmente, sabendo que todo plano é falho e toda intenção é lenha na fogueira desse coração, dono dessas mãos, guia dessa mente, que vive de caminhar e observar toda encruzilhada.

no mais: a vida me leva e eu vou vendo por onde eu ando, e vou coletando mais razões pra gostar de você pelo caminho. 


um sopro de vida em meio a tudo (...).

terça-feira, 22 de novembro de 2022

pulso

o que a vida é não tem nome que controle

é chorar sem saber a razão (aprende)

é rir do palhaço no espelho (aprende)

é uma mistura de tempo espaço e condição (aprende, caralho)

é levar rasteira do próprio pé (toma, troxa)

passar o inverno no escuro sozinho num limbo de dor desgosto e desamor (que porra de autopiedade escrota é essa, irmão?)

é aprender na dor e no amor (agora é ideia)


mas não é só isso aí não

e talvez nem isso aí seja

que que eu acho que sei

se a maioria dos meus tombo fui eu mesmo que executei?


eu sei que pesei,

mas a vida também é sensação de maresia na cara sal a mais por paixão tesão em afeto real amor verdadeiro carinho no rosto abraço de irmão...  


foda.

de engano em engano eu andei até aqui com as minhas próprias ideia, de visão turva, estreita, fudida pela circunstância.


caralho, eu quis ir embora. 

já peço desculpas de antemão, mas eu vou pesar de novo: 

pensei em como ia fazer em quando o que ia usar onde ia ser quanto tempo ia levar pra alguém me achar será que as pessoas que eu amo iam aguentar será que eu sei o que é amor será que dá pra amar e pensar em se...? 


eu sei lá, mano

é tudo tão insano

e eu tô sem remédio: larguei a droga que me mata a alma primeiro, aí a mente, o corpo e a fé,

nas pessoas, na manhã, no espelho, no olho com sangue, no movimento do presente, na dança do agora.


prefiro as drogas que quero – santa maria, mãe de cada solo meu, te agradeço, te queimo, te trago, me acalma, põe eu na cama, o riso no rosto e a proteção no caminho.   


prefiro droga ambiente, brisa, café de manhã, tabaco, doce, beijo, abraço. o som que ouço a cor que vejo a dança que danço a rima que o mano manda no ar que me faz ver que não tamo sozinho. 

tamo aprendendo a não largar a mão de ninguém. tipo criança, um passinho de cada vez.   


irmão, a gente precisa tá aqui, com força, falando das próprias falhas, da própria mente quebrada, do sangue que escorre, do mano que não come, não vive e não sabe. 


é pros irmão que partiram que eu escrevo isso aqui, e pros irmão que ficaram e não tão sabendo onde ir. 

não se cobra tanto, parceiro. nada é tão importante que tu precise ruir. aprende a dar a mão, a pedir ajuda e a compartilhar o pão. é tudo que importa. amém. mede teu silêncio e teus ruídos, tuas ideia e teus caminho. 


                            só existe fim físico. toda dor vai embora. 


e no fim,

sei que agora eu respiro

sem pensar em partir em ruir em quebrar em corda no pescoço em desgosto.

é daqui pra frente, na força que cada olho vivo me entrega, na mão quente e na veia que pulsa.


domingo, 9 de outubro de 2022

a liberdade sem reação
o desgaste da estrutura
a sensação de queda
o ar em transe profundo

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

ela vê

é quem ama leve
quando leve a(calma
como se o peso da vida 
                     nada fosse.

afeto 
a ti 
tipo cada clichê
ainda que consciente
do(:) preciso fluir por aí, 
fazendo de todo nó laço 

que desfaz e refaz ~
ainda que cicatriz
ainda que pulso)corte.

amor que fugiu do cárcere/correu pela rua em pleno carnaval/percebeu o ar mais leve que seus pulmões/deixou o próprio corpo no meio da areia, como se o tempo se deixasse cair com a cabeça em seu ombro, olhando nuvens, adivinhando formas e esquecendo próximos passos

é que nada mais vale do que saber que é de afeto que tudo se faz.

um dia eu acordei e a vida já não era mais precisa. 
não sei se foi assim ou se eu só não percebi chegar 
mas ela se tornou opcional
meio besta
          tipo festa que devia ter acabado
          podia ir embora, mas gosto de ver até onde vai a corda que me leva)

já que o fim é ilusão 
e a vida é pranto
amor e afeto são o que atesta
que isso tudo por aí é bem pouquinho 
se a gente se descuidar 
ainda que seja a partir do descuido que o movimento/vem 

cada passo não planejado é certo. é preciso. é o dar-se conta do chão de ilusão sob seu corpo.

amor e afeto:
ela vem e é só.
fica o quanto quiser
vem de abraço meu que você já virou essência, menina
agora um bonito viver
depois memória pra onde eu retorno quando a vida parecer menos vida
                                                                                                           viva.

fica, vai:
e depois a gente caminha 
pra onde era pra gente caminhar
(~)

teu abraço é calor,
tua presença símbolo
de que a vida é o que é
e não o que eu achava que fosse.







domingo, 31 de julho de 2022

 nada é nem vai ser igual sem tu pra tirar umas brisa junto, maninho

sei nem bem o que tá sendo a vida

faço pouca ideia do que tô fazendo

pra onde tô indo

não sei bem o que tá acontecendo

ainda preciso me convencer de que a vida agora é isso

e tem bastante vida nisso

ainda tô no processo

desliguei quase todo mundo da preocupação

tô me acostumando a andar no caos

a não esperar nada

esperar é besta


vários não sei nas ideia

encaminhado mas no meio de um momento limbo

fazendo o que preciso

eu acho

o que posso

tentando ser gentil comigo mesmo

cuidar pra não retroceder nas ideia

cuidar pra não ser arrogante nas ideia

cuidar


meio que cansei

mas é parte da caminhada

cansa

senta

descansa

e volta a andar

com força

mas gentil

saca né

kek





terça-feira, 19 de julho de 2022

a linha tênue entre a consciência e a paranoia

não reagir diante da percepção, que ainda assim não deixa de ser percebida

//

ignorar a mensagem

não reagir diante da percepção do outro, até porque, paranoia ou não, não faz a mínima diferença no quadro geral

ao mesmo tempo que a mente do outro te legitima, ela te sufoca

ela te serve de base

e a pretensão

trava o pensamento

aí volta a ideia da paranoia: critico-me com o fim de me melhorar / me melhoro a que custo / até que ponto preciso da melhora / me persuadi até aqui para me manter vivo / sobreviver deve ser importante / ainda que eu não saiba que me importo / ainda que eu duvide da minha própria sanidade / ainda que eu tenha pretensiosamente caminhado até aqui com a mente / ainda que nada tenha saído daqui, além do que partiu da porta da frente


e só flui quando a mente não tá na frente

na frente de quem, se não é mente, é alma

é eu atrás de eu

ou na frente de eu?


erra e se envaidece no erro

erra e toma o erro de arrasto


hesito

tanto

anseio outro tanto

anseio que tô aprendendo se é o que é porque é ou porque eu preciso melhorar

melhorar sem se cobrar

além do necessário, se houver


entender como ser gentil comigo mesmo, mas em movimento

sem exceder, mas não sem descanso


até do lado de lá deve ter descanso

lado de lá, de cá, realidade da linguagem

toda palavra é infectada pela utilidade

de possibilitar o outro

linguagem falada, movida, cantada, dançada, gritada, desesperada, confusa, remendada

linguagem humana é o todo limitado ou é uma parte do todo?

além de ver há o quê?

além de ouvir eu ouço quem?


além de ser perder em devaneio

eu peço, espero, olho, raciocino

e esse deve ser o problema

ou a solução


pensa com a mente

intui com a alma?


cada palavra um som, cada som uma imagem criada eletricamente 

cada imagem uma ideia: forma, tamanho, efeito, história, gosto, lembrete, dia, sensação, medo, ressalva, som, outro


if we wait too long

then we'll never go

it's getting dark, but we're so close

it seem

s far, but we're not alone

(...)

we'll go where the skies go


~ ) 











experimento I

Decidiu-se, enfim, por falar sobre mim (sobre nós). Tenho estado aqui há muito – muito antes dele parar nesse lugar peculiar.


                                                                                                        Consciência desperta (d                                                                                                                                           e) um sono profundo.  


Andava pela sala, sem saber de si. 

Cruzava o corredor, atravessado. 

Parava em frente à porta.

(gritava, por ninguém)


Só não sabia pois não lembrava. A força da memória está na sua legitimação, pelo outro. Ela falha e se envaidece no erro. 

                                                                                                        Se esquece do outro, 

                                                                                                               esquece de si.

A ironia de acordar sem saber onde, nem como e quando. A sensação de ter o descanso interrompido pelo próprio eu real que se rompe e toma a ação do mecanismo. Isso acontece, em geral, por causa de uma de duas possibilidades: 

a) o torpor do nascer vai embora e o eu real ainda não lembrou bem de como manejar as funções daqui e as de lá, e, por isso, acaba tendo problemas para sair da ilusão quando é o seu momento de acordar. Essa é a razão pela qual crianças da ilusão, que ainda não estão totalmente imersas na prisão da linguagem humana, são as que mais apresentam esse comportamento.  

b) há alguma urgência de comunicação e precisamos fazer alguma manutenção na ilusão que demande ação mais consciente do mecanismo.

                                                                                                        Eu sou o mecanismo)o mecanismo sou eu.

(~)

Sinto-me satisfeito sobre a forma como estou lidando com isso tudo – ao menos eu acho que estou lidando bem. É um tanto difícil quando é tão improvável encontrar dores compatíveis que possam ser compartilhadas. Foi preciso desenvolver meus próprios mecanismos para permanecer vivo – mas vivo além da sobrevivência... vivo e presente/consciente. Faz tempo que sobreviver se tornou opcional, e é por isso que eu escrevo.  

    É de propósito que se faz a

intenção, e é só ela que vale. 

É tudo o que é possível fazer, de qualquer forma (meio patético/meio consciente/meio acordado).

(~(

Não é que eu sabia que ia chegar nesse ponto... eu esperava por isso, com paciência, ainda que nem sempre. Cá estamos, independentemente de tudo)(.


Desperto (( antes de eu voltar ao sono, penso que vamos nos reunir de novo ao redor da luz. Faz tempo desde a última vez, e nosso tempo não é algo que o lado de lá assimilaria. Lembro que em minha última estadia na ilusão antes da presente eu ainda me encontrava nesse estado desesperador de apego excessivo à realidade da linguagem. Foi a última vez que eu passei por lá nesse estágio do processo, que foi necessário para que eu estivesse, agora, lidando com algo muito mais peculiar. 

O tempo é percebido, pelos seres que habitam a ilusão, de formas similares em relação à sua extensão. Lembro de me envaidecer naquela experiência por ser parte da espécie de seres que, aparentemente, era uma das que mais tempo tinha para existir entre os mecanismos terrestres. Mal sabia, contudo, que a percepção é só o que importa, já que tudo do lado de lá não passa de um grande mecanismo, individual, mas que precisa de todas as suas mais ínfimas partes para funcionar como deve. Na verdade, toda a informação que eles precisam para entender isso está contida nos seus próprios corpos e sistemas: ainda que individuais, dentro de si carregam inúmeros pequenos mecanismos que o compõem; e fora de si, são eles mesmos partes essenciais de um grande mecanismo, que é, em menor escala, o que chamam de sociedade, e, em maior escala, gaia.

O presente do atual processo ilusório em curso passa por um momento decisivo para o seu aprimoramento, que tem relação com a percepção tanto do tempo como único, ainda que diverso, quanto do trabalho inter-mecanismos como única forma possível para que haja progresso real. Ainda que básico, esse mundo é bastante complexo.

Minhas lembranças mais longínquas do despertar me deixaram perturbado sobre o mundo da realidade da linguagem.  


>> dançar ao redor da fogueira.  

>> mecanismos: conscientes, animais, vegetais...



 



  

domingo, 10 de julho de 2022

quando eu era vivo

Identificação do paciente

Nome: Douglas William Machado.

Idade: 33.

Profissão: Professor.

Religião: Todas e nenhuma.

Estado civil: Solteiro.

Grau de escolaridade: Graduação em Letras Português/Inglês e Mestrado em Literatura Comparada com História (representações literárias de Cristóvão Colombo em solo americano).


Outras informações relevantes:  

Dados relevantes da história: vida tranquila por demais até 2017, quando minha mãe desenvolveu bipolaridade em um surto psicótico ocasionado, majoritariamente, por ser ensinada desde cedo a levar o mundo nas próprias costas e não pedir ajuda; descobri as drogas com 16 anos, quando comecei a usar álcool e cigarro, o que nunca foi um grande problema, porque, para mim, o álcool só potencializa o que você já tem dentro de si (assim como as drogas em geral); minha relação com drogas em geral é um ponto chave na minha vida, pois algumas delas muito me ajudaram, enquanto outras muito me atrapalharam na missão. 

Depois do álcool e do cigarro, brinquei até por volta dos 18 anos com inalação de buzina com os amigos adolescentes, o que nunca agregou em nada, mas também não atrapalhou a minha vida. O uso de álcool sempre foi uma constante, já que é o normal na sociedade em que estamos inseridos. A partir dos 20, descobri substâncias como o Nbome/Nboh, que ingeria achando que era LSD. Sempre foram experiências tranquilas, ainda que algumas levassem ao que chamamos de "bad". As bads sempre foram, para mim, um sinal de que eu precisava lidar com algo dentro de mim, e eu sempre tentei ouvi-las e melhorar o que pudia. Descobri o LSD e o mundo dos psicodélicos verdadeiros em 2017, em Curitiba, poucos meses antes da minha mãe ter seu primeiro (de dois) episódio de surto psicótico.

Descobri, também por volta dos 20 anos, a cannabis sativa, que sempre atuou como uma mão amiga, por vezes sendo bastante divertida, e por outras desencadeando minha ansiedade, o que, como vejo, é um problema que tava dentro de mim e eu precisava lidar. Já passei, até meus 33 anos de vida, por várias fases com a maconha, com pausas pontuais por alguns meses, para lidar com situações internas, até o uso diário, que sempre acabou com a mesma conclusão: ela é uma planta ritualística, o que não significa que só preciso usá-la em situações de religação com o mundo espiritual, mas significa que seu uso diário (para mim) acaba tornando o que deveria ser exceção a regra, e isso não é bom. Aprendi, ao longo dos anos, a dar muito valor para a minha sanidade (seja lá o que isso, de fato, signifique) em relação ao uso de substâncias (seja sobre as lícitas – açucar, tabaco, café, álcool – ou sobre as ilícitas). Acredito que o mundo seja tanto um lugar de expiação e provas quanto um grande parque de diversões material e espiritual. O problema é que o proibicionismo é baseado em uma moral falha e controladora, que não permite que os seres humanos descubram por si próprios os reais benefícios e danos do uso seja lá do que for.


Os psicodélicos que experimentei (em ordem) foram: LSD, psilocibina (cogumelos) e DMT (ayahuasca e o próprio DMT puro, sintetizado). 

As drogas ilícitas não-psicodélicas mais relevantes no curso da minha vida (impactantes/que fizeram diferença, seja para o bom ou para o ruim) que experimentei foram os estimulantes: MD (êxtase/bala – e os que se passam por essas substâncias, que foram, em geral, ingeridos sem eu saber o que eram), cocaína e 2CB ("cocaína rosa").

Psicodélicos, etimologicamente falando, significam "entrar (delia) na alma/mente/psiquê (psico)". São substâncias utilizadas há milênios por povos que nunca tiveram contato entre si. Os maravilhosos cogumelos mágicos já foram chamados de carne dos deuses na américa pré-colombiana. Até hoje, os indígenas "americanos" se utilizam do chá de raiz de jurema chamado de "ayahuasca" para entrar em contato consigo mesmos e com as entidades que nos cercam.

A primeira vez que tive real contato com psicodélicos foi, como mencionado acima, com uma quantidade de 150ug de LSD, em Curitiba, em 2017. Eu achava que já havia ingerido essa substância, até, de fato, ingeri-la. Foi a experiência psicodélica mais intensa da minha vida. Não tive outra igual. Fiquei sabendo depois, ao pesquisar as experiência que tive mais a fundo, que eu passei pelo que se chama de "morte do Ego", quando as palavras/ideias que você conhece se desligam do significado mental que elas têm para você. Além disso, perdi completamente minha noção de tempo (não sabia o que era antes ou depois mais) e tudo virou um assustador túnel de luz e som. Isso me deixou totalmente apavorado, já que eu, enquanto sujeito bastante cético em relação às coisas, nem sabia que isso era possível. Esse foi o início da minha vida espiritual como a vejo hoje. Tudo virou mais mágico. A possibilidade de algo como o que aconteceu acontecer sempre me deixou num misto de medo com curiosidade. Essa experiência me deixou mais humilde em relação ao mundo. Passei a entender eu mesmo como só mais uma parte de um grande todo que eu ainda estou descobrindo o que é: não menos nem mais importante que nada. 

Exatamente um dia antes de descobri que minha mãe estava passando por um real surto psicótico eu fui em uma festa eletrônica em Curitiba. Cheguei na cidade cerca de um ano antes, com planos de montar uma banda e tocar metal. Meus planos foram frustrados por não conseguir achar as pessoas para isso, ou, quando achava, não dava certo. Nesse dia, então, fiquei sabendo de uma festa e, apesar de não conhecer ninguém, fui até lá. Como sempre, estava ansioso por experiências novas, que me mostrassem mais do que esse mundão tem a oferecer. Na festa, conheci um cara que me deu 2 balas (êxtase), de metade em metade. Cerca de 1 hora depois eu era a pessoa mais feliz do universo. Eu abraçava todo mundo e só queria que aquilo durasse para sempre. Foi a minha primeira experiência com estimulantes ilegais, e foi uma das melhores coisas pelas quais já passei. Me perdi dentro da minha própria mente enquanto um Techno espancador tocava. Aí, então, eu conhecia a música eletrônica e as "balas", com meus 27 anos de idade.


São dois extremos muito similares de moedas completamente diferentes, mas, ainda assim, moedas: os psicodélicos e os estimulantes. Hoje entendo os primeiros como libertadores (se a intenção for adequada) e os segundos como escravizadores (que se dividem naqueles demônios que não se pode ter por perto – cocaína – e aqueles demônios com quem eu consigo fazer amizade e dar uns rolês tranquilos de vez em quando – bala/êxtase. Enfatizo que falo da MINHA experiência.

Depois de estar em um lugar com muito mais acessibilidade, principalmente em relação a certas drogas sintéticas (LSD e MD) e minha família ter entrado em uma espiral de desgraça que culminou no suicídio do meu irmãozinho, Daniel (descanse em paz e até breve, serzinho de luz), ainda em 2017 eu me afundei bastante no uso de uma delas: MD (balas/êxtase). Sempre digo que levei sorte de não ter estado próximo de pessoas que usassem cocaína. Usei algumas vezes nesse ano, mas essa substância não foi um problema até 2021. Eu virei um real emocionado ao descobrir essa porra. Contudo, como entendo hoje, ela foi apenas um sintoma de muita coisa que eu não queria enxergar dentro de mim e com as quais eu precisaria, eventualmente, lidar. Foram vários rolês de 3, 4 dias sem dormir usando balas e dançando. Veja que, apesar de ter sido algo bastante danoso, me ajudou a fugir da realidade com a qual eu não conseguiria lidar. Conheci pessoas sensacionais no meio eletrônico nessa época, tive experiências surreais de conexão, e eu não me arrependo nem por um segundo de ter passado por isso.

Percebi que o problema era real em dois momentos: em um final de semana, tomei 2 balas inteiras num intervalo de tempo bastante reduzido. Passei a festa toda no banheiro vomitando. Entendi que meu corpo não concordava com meu estilo de vida; o segundo momento foi em uma rave, em que me apareceu de novo a oportunidade de, ao invés de bala, tomar um LSD real. Dou graças aos psicodélicos por causa de dias como esse. Ele começou a bater e, logo, eu comecei a ter alucinações auditivas. Ouvia coisas como "Ele é muito velho  para estar aqui" e "Olha o tiozão querendo ser novinho", e outras coisas relacionadas. Como eu já havia estudado um tanto o que o LSD e os psicodélicos fazem com nosso cérebro, logo entendi que estava apenas passando por uma bad MONSTRA. Sentei em um canto, coloquei a cabeça entre as mãos e esperei passar, enquanto Freedom Fighters tocava, guiando minha mente e meu espírito por caminhos que foram por demais assustadores, mas ao mesmo tempo surrealmente deliciosos. Houve momentos em que eu me senti no centro de uma enorme clareira, em que todo mundo me olhava, mas, de fato, ninguém estava nem aí para mim: era apenas meu ego, que precisava ser um pouco esmagado por estar grande por demais. 

Esse dia, com esse LSD, me fez entender que eu precisava de mudanças drásticas no meu modo de vida. Na semana seguinte decidi que ia parar de usar tudo o que estava usando (com exceção da mãozinha amiga chamada maconha) e ia buscar auxílio psicológico. Fiz terapia por cerca de 6 meses, e isso me fez entender algumas coisas: maconha é apenas mão amiga, uma pequena lupa que amplifica o que quer que você esteja sentindo; LSD é uma grande lupa, que vai te arrombar por dentro e expor coisas que você não fazia ideia que estavam ali (o que pode ser bastante perigoso e pode fazer com que pessoas que não entendam a diferença entre a "realidade" caiam em ciladas que levem pra vida, ao invés de deixarem na brisa o que tava na brisa); e cocaína é uma grande desgraça (apesar de não estar usando na época, tive contato com as primeiras pessoas que eu vi se fuderem gostoso por causa dessa porra. Desde então, TODOS os que vi emocionados com essa merda se fuderam em algum momento, sempre achando que estava "tudo sob controle").

Além disso, a mistura adequada de psicodélicos com terapia e autocrítica também me levou a: conhecer um centro Budista em Curitiba, e isso me fez aprender a meditar; comecei a andar de patins e cuidar do meu corpo de verdade; minha alimentação (passei 5 anos sem comer carne) melhorou e eu passei a estudar nutrição para entender como melhorar a mim mesmo. O problema que hoje vejo em relação a isso foi: eu não sabia lidar com a minha obsessão por controle e passei a fazer isso militarmente. Isso me levou a, quando eu não conseguia manter o andamento dessas práticas, eu parasse de fazer tudo o que me fazia bem por um tempo, até ficar ruim e voltar a ser militarmente disciplinado de novo, o que me levava a repetir o ciclo, ad infinitum. Aprendi a lidar com isso na terapia que fiz em 2021, já em Cascavel, antes de me afundar de leve na cocaína.

Ainda, desde que fui para a terapia, meu objetivo não era parar de usar MD (bala/êxtase): a ideia era estudar e perceber se eu conseguiria fazer seu uso se tornar algo não tão danoso para meu corpo, minha mente e meu espírito, já que, meu objetivo com o uso dessa substância, era apenas ter energia para dançar por tantas horas quanto durassem os rituais (festas eletrônicas), e sem sentir dores. Desde 2019 eu entendi que, ao menos para mim, isso era possível: bastava eu unir meu gosto pela dança com a minha capacidade de ter disciplina, para não me emocionar quando usasse. Acabo me emocionando ainda às vezes, mas nunca a níveis tão alarmantes quanto em 2017. Penso que nosso corpo físico nos foi dado para que seja usado. Unindo isso aos necessários cuidados e à períodos de desintoxicação (1 vezes por ano eu fico sem usar nada por cerca de 2 meses), é possível tirar brisas que fazem a vida valer a pena. Para mim, dançar até esquecer a hora que eu comecei a dançar me dá dias de afterglow ("brilho" + "depois": termo cunhado por usuários de drogas alteradoras de consciência que faz referência a dias tranquilos e felizes seguintes ao uso) sensacionais, que eu consigo usar a meu favor, tanto pessoal quanto profissionalmentre 

Eu voltei de Curitiba para Cascavel um tempo depois disso, quando terminei o relacionamento que mantive por 8 anos com uma pessoa sensacional demais (nossos caminhos apenas divergiram o suficiente para não mais fazer sentido estarmos juntos – somos bons amigos até hoje). Eu não sabia, ainda, se voltaria para cá, quando a possibilidade de término se mostrou real por demais à minha mente. 

Lá vêm os psicodélicos de novo: minha família passava por momentos tenebrosos ainda. Minha querida avó (até breve, véinha gente boa demais) veio a falecer um tempo depois da minha mãe ter desenvolvido o surto que mencionei, meu irmão se separou da mãe do Arthur, com quem manteve uma relação excessivamente tóxica (para ambos) por tempo demais, e foi morar de volta com meus pais no apartamento deles, as finanças não iam bem para ninguém etc. 

Nessa época, eu dava aulas particulares em Curitiba. Um dia, um aluno me falou que iria para um ritual de ayahuasca. Demonstrei interesse e ele me convidou a participar. Para isso, eu precisaria ter uma intenção em mente. Após pensar bastante sobre, entendi que minha intenção era "ajudar minha família". Como fazer isso eu não fazia a menor ideia. Fui ao ritual e, em resumo, ao sair de lá no dia seguinte, eu imediatamente recebi mental/espiritualmente a mensagem: VOLTE PARA CASCAVEL. O que isso me traria eu não sabia. Eu temia me torar mais um elemento de problema, ao invés do intermediador que eu sempre busquei ser, caso voltasse. Ouvi minha intuição e voltei para cá. 

Aos poucos, ajeitamos algumas coisas. A mãe do Arthur estava morando sozinha no apartamento no mesmo prédio dos meus pais e do meu irmão. Enquanto isso, meu irmão morava com eles. Vim para o apartamento junto com a mãe do Arthur e, eventualmente, eu e meu irmão estávamos morando aqui. Foi tudo lindo e maravilhoso até o início da pandemia. Quando a pandemia começou, eu tinha acabado de sair de um período de desintoxicação. Eu passei o carnaval todo em casa. Fiz jejuns, meditei e fiquei sem usar nem tabaco por esse tempo. Ao sair da pandemia, por sorte, fui na última rave que teve antes da pandemia, lá em Beltrão. Aproveitei tudo o que podia, pois já sabia que ficaríamos um bom tempo sem festas. Tomei algumas balas e "enchi o cu" de cerveja até não poder mai$. Depois disso, a presença da pandemia foi brutal. Comecei a encher a cara de álcool e fumar mais do que nunca. Além disso, comecei a procurar alguém com quem pudesse ficar, carnalmente falando. Foi um doido da cabeça encontrando uma doida da cabeça. Nada de novo sob o sol, a não ser pelo fato de que foi a primeira vez que eu, com 31 anos, quebrei uma das principais regras mentais que eu sempre mantive: não se envolver com alguém se estiver fudido da cabeça, pois isso só atrai gente que também tá fudida da cabeça.

Deu no que deu. A gente se fez muito bem e muito mal. Ambos nos fudemos grandemente. Ambos com alguma culpa. Hoje reconheço o quanto essa pessoa me fez mal, mas também reconheço o quanto eu não saber falar não na época (ainda tô aprendendo, mas já tô beeem melhor do que antes) fez mal tanto pra ela quanto pra mim. 

Quando a pandemia começou a "afrouxar", caímos ambos em um círculo social todo fudido mentalmente (difícil achar quem não tava fudido mentalmente por causa do combo: pandemia + Brasil bolsonarista), que escapava da realidade por meio do consumo habitual de cocaína. Caímos nisso também. Perdi cerca de 10 kilos em cerca de 2 meses. Não cheguei a consumir diariamente, mas cerca de 3 vezes por semana, o que já foi o suficiente pra eu não saber mais o que eu sentia e começar a ter "surtos" pontuais que não permitiam que eu visse as coisas como elas eram. 

Em novembro, com a ajuda de eu mesmo + conversas com meu irmãozinho + terapia, consegui juntar forças para terminar esse relacionamento. Foi um período tenebroso. Terminei enquanto ainda gostava. Tive várias recaídas e várias coisas aconteceram num tempo absurdamente curto. Voltei a morar com meus pais por cerca de 2 semanas, enquanto tentava organizar as coisas no apartamento aqui embaixo. Estava eu há cerca de uma semana mais tranquilo. Nesse meio tempo, antes de terminar ainda, conheci também o que a indústria farmacêutica tinha de melhor para tornar o ser humano uma gosma mental: rivotril, alprazolam e relacionados. Depois de terminar, consegui largar a cocaína e os remédios, por conta de vários fatores. Passei por uma semana um tanto quanto tranquila, até acontecer a maior tragédia que eu e minha família já vivemos: meu irmão cometeu suicídio, em 11 de dezembro de 2021.


No dia, eu já recorri ao uso de rivotril, pois sem isso não conseguiria me manter vivo. Dois dias depois, vi a psiquiatra da minha mãe, que sugeriu que eu fosse internado. Isso seria muito bom para mim, mas eu ficaria longe das pessoas que mais precisavam de mim naquele momento: meus pais e meu sobrinho. Pedi que ela me receitasse rivotril e ela também me receitou cloridrato de sertralina. Além desses remédios, eu passei a usar Ketamina 4 ou 5 vezes por semana. Hoje, há cerca de 4 meses sem essa substância (que foi removida da minha vida por meio de, pasmem: cogumelos mágicos – no carnaval de 2022 eu e minha família fomos para o sítio da minha vó, em SC, e eu passei o dia colhendo cogumelos mágicos em meio à bosta das vacas, para, de noite, ir para o meio do mato, sozinho, no escuro e no silêncio, consumir cerca de 3 gramas deles [minha intenção foi clara: não depender mais de ketamina para conseguir ficar vivo – ao voltar, usei a substância apenas mais uma vez, e percebi que já não precisava dela]), percebo que ela foi extremamente necessária para que eu não cedesse à vontade de me enforcar na parede do meu quarto, da mesma forma que meu irmãozinho fez. Infelizmente, os remédios sozinhos não continham as visões que eu tinha do que vi. Eu precisei me amortecer a níveis que eu nem sabia ser possível para passar pelo que passei.

Hoje, estou usando 0,5mg de alprazolam e 0,25mg de sertralina para dormir. No início do ano, eu usava cerca de 2mg de rivotril + 0.50mg de sertralina + uma pá de ketamina e muito álcool diariamente para conseguir ficar vivo. Estou passando "sozinho" pelo processo de desmame, já que não tenho dinheiro para psiquiatra. Acredito estar tudo correndo bem. Tenho estado bastante alerta sobre minha própria mente e a depressão por que passei me fez entender que eu preciso ser gentil comigo mesmo, para que a vida continue a valer a pena ser vivida. 

P.S.: experiências extra que me fizeram ver o mundo como ele é e a moldar minha relação com as drogas.

1 - Eu e meu maninho na nossa primeira rave (Curitiba em 2017): depois de tomar LSD, MD e fumar um monte de maconha, a gente se olhou, de longe, e, sei lá como, ao mesmo tempo falamos: A GENTE VEIO DO MESMO LUGAR. A percepção dada pela psicodelia das substâncias, do ambiente, das pessoas ao redor e do som que tocava fizeram isso ser profundo de um jeito que ficou cravado na minha mente e no meu espírito sem nunca sair daqui. Isso significou não só da mesma mãe, como da mesma substância primordial/cósmica/sabe-se lá o quê.

2 - Eu e meu maninho em uma volta doida por um parque de Curitiba com um lago no meio com o mesmo LSD que matou meu Ego semanas antes: tomamos metade do LSD (75ug) que eu tomei para ir andar até um parque que ficava razoavelmente perto da minha casa, em Curitiba, e foi o suficiente pro meu irmão ter a ego death dele. Lembro até hoje da gente ao redor do lado. Cada volta era um universo totalmente novo, conforme a psicodelia se instaurava. A placa dessa imagem teve um significado absurdo pra gente nesse dia:


A placa não era essa. Depois de procurar, percebi que não tenho mais a original. A ideia é a de dois sinais de proibido: um de pescar e outro de nadar. A percepção que tivemos era relacionada ao ar ser para nós o que a água é para os peixes, e vice versa; isso foi unido à percepção de que o mundo nos proíbe de cruzar as fronteiras da nossa percepção. 


As above, so below: tudo o que está em cima é como o que está embaixo, e tudo o que está embaixo é como o que está em cima, meu maninho. Sempre foi assim e sempre vai ser.


3 - Eu e meu maninho em uma rave em Palotina no final de 2020: essa rave teve dois palcos: 1 de música 'acelerada' e outro, que era um chill out. No chill out tocaram alguns amigos nossos. Um desses amigos tocou uma música chamada Areia Branca, do Gaia piá. LSD estava presente quando isso aconteceu. Vou colocar na íntegra a letra abaixo: 

Não consigo mais viver longe do rio
Não consigo mais viver
Sem a presença constante do sol
Caminhando com os pés descalços na areia branca
Caminhando com os pés livre como uma criança
Revelando segredos que habitam em nosso próprio ser
Fui perceber que estamos aqui
Apenas para se ajudar

Aprendendo a amar, o verdadeiro amor
Estamos aprendendo a amar, o verdadeiro amor

As águas caem de graça vinda das cachoeiras
O vento me soprou a manga que caiu da mangueira
Todo dia é dia de cultivar a terra fruto das gerações
Todo dia é dia vamo fazer orações peço a paz pelo mundo
Está se passando o tempo de ajudar os seus irmãos
Não viver para si só
Mas já é dado o momento de expressar
O sentimento que sai do fundo do coração
Oooh oooh

Como é simples esse viver
O homem estão complicando o simples viver
Estamos aprendendo a amar
O verdadeiro amor

Essa letra, nesse dia, com o Bruninho tocando, foi o que me fez entender definitivamente o sentido da vida e a razão pela qual estamos aqui. É bem mais simples do que o que fazemos parecer ser. Estamos aqui apenas pra se ajudar, aprendendo a amar o verdadeiro amor. Por que fazer isso? Foda-se. O que vamos ganhar com isso? FODA-SE. Estamos aqui pra isso, e tenho tentado desde então viver isso, ainda que falhando miseravelmente muito mais vezes do que gostaria.


P.S. 2: penso, depois de escrever isso, que a gente (eu e meu maninho) se aprofundou tanto na nossa própria alma por conta das percepções dadas pelos psicodélicos que condições de sobrevivência que não permitam que sejamos o que viemos aqui pra ser nunca mais vão ser suficientes. Penso ser essa uma das razões que estimularam o suicídio dele a acontecer. Ainda lido com culpas relacionadas a isso ter acontecido. Meu irmãozinho era o maluco beleza por excelência, e ele nunca ia conseguir se encaixar no que esperavam que ele fosse. As saudades são tantas, mas a noção de que vamos nos ver novamente deixa tudo suportável.


Tríade cognitiva

- Visão de si: sou um espírito encarnado aprendendo a fazer o que estamos aqui para aprender (amar o verdadeiro amor/se ajudar – a si e ao próximo). Ainda tenho tanto a aprender.

- Visão de mundo: lugar de expiação e provas, mas também um grande parque de diversões e experimentação. Estamos aqui sob um grande teste, que vai nos levar não importa onde. Só o que importa é aprendermos a amar o verdadeiro amor/a se ajudar – a si e ao próximo.  

- Visão de futuro: ou aprendemos a nos ajudar, ou a extinção nos aguarda. Eu, hoje, entendo que tudo o que posso fazer é o que consigo fazer. A cada dia tento entender mais o que isso significa, e como fazer isso sem cair em megalomanias castradoras que mais atrapalham do que ajudam. Entendo, ainda, hoje, que só posso agir de forma local – ampliar isso ou não depende de muito mais circunstâncias do que minhas limitações me permitem entender.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

quebrado

(Eu) não sei bem o que sinto. 
[Eu] não sei se sinto o que sinto porque sinto ou porque minto.
{Eu} não sei o que fazer.
~Eu.
Tudo sobre >eu.
Sempre eu<.

Ególatra.  

Talvez por isso sinto que minto.
Muito tempo passando a vida em função de eu EU eu >>>EU<<<.
"Mas é tudo sobre eu".
Mas tá tudo quebrado n'eu.
Eu que brado...
Desorientado,
Perdido,
Medicado.

Letárgico)) ))  )    )))    ))))        
                                                                                    (Uma represa química.
                                                                                     (Rompe.
                                                                                                (Quebra.
                                                                                              (Sente.
                                                                                                                           ))(())()(DOR))(())()(

Querer salvação é salvação do eu.

Salvação ególatra.

Salvação de quê?
Salva eu.
Salva O EU.

Quebra ..eu..
Quero eu destruído, fudido, perdido, caído em uma vala, sem salvação, sem mão, sem orientação nem pra onde olhar nem o que ver ouvir saber ser))

O que é eu agora que eu quebrei? 
Refazer o eu se diz.
Vai com cuidado, Douglas, eu não sei quem a gente é.
Me falaram o que eu era/sou/vou ser.

Só que passado/presente/futuro () virou pó/
                                                                            
                                                                                  gastou/
                                                                                            esgotou/
                                                                                      desgastou/
                                                          desceu a ladeira em noventa graus 
                                                            com a cara molhada de lamento.

Várias ideia pra se convencer.
Várias brisa pra se manter:

(não) são.

Escrever pra ir pegando a ideia.
Viver é improviso/
            improvisar//
            improvisado///
                                                                         
Viver é doido, endoidecer, enlouquecer, perder a linha, rasgar o tecido da realidade iludida ou se enrolar nela e desviver, viver morto e morrer vivendo.

Nah.

Improvisado.
Cinza meio apagado.

Dor(mente).
Cad(e)nte).

Se sente, fala. 
Se fala, hesita. 
Se hesita, é eu de novo.

Desgraçado.

Eu contaminado por eu.
Eu desconhecido de >mim.

Me recebe, eu, quebra pra mim< 

(Mim fudido sempre no final da frase, sem espaço pra começo. Tudo sobre eu fazer/ser/compreender/aceitar/andar, e pobre de mim que sinto pena de eu). 

M,í,m(ica)
Mim(ese)
Mim(ostra de onde vem o vento e a vida e o fim).

Dá a volta e outra e quebra. 
Fuma um tabaco, quebra.
Anda e quebra.
Sai e quebra dentro e fora.

Quebrado.    

Sorte do fim que acaba sem mim






dor

o azul do céu é ironia em um coração que sentia. a graça da vida que segue se perde diante do que a memória guarda. sou corpo vi...