A claridade que passava pelas
janelas era excessiva. A luz, onda e partícula, era parte do todo, entretanto
era muito escuro naquele lugar. Se algo se movia era apenas em relação ao que
pairava num dos cantos escuros do cômodo. Que vazio! Sinto que todos os seres
viventes estão aqui. Há algo relacionado a isso que eu sei que não deveria
esquecer. Não poderia. O processo todo era permeado de excessos. Percebia-se a
garganta a arder, a pele irritada, os joelhos eram uma lástima. Impressionava
que houvesse, ainda, resiliência para outra tentativa, que, como de costume,
não seria a última. Doem. Minhas têmporas doem, se agora houver falha sinto que
tudo que acabou de me machucar terá sido um
vão. É por meio de um som, entre os poucos que lá são permitidos, que soube
que deveria tornar ao início. Eu abro meus braços, dou voz ao não dito, sinto
caminhar ao longo da minha própria pele. Líquida. Tornei tenro o movimento
último. De fora vê-se que o erro anterior agora era acerto. Suspensão. Ruídos
irrompem e violentam a mudez outrora impassível daquele lugar. Eu paro para
perceber que havia mais dor, mas agora era o fim. Estava a lente direcionada ao
corpo, que fluía de si para as pupilas que o devoravam.
sexta-feira, 13 de maio de 2016
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dor
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Pele, signo, orgão, palavra. Poesia. Líquido, forma, superfície, intrínseco.
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