sábado, 4 de novembro de 2023

 sigo pensando

tudo vai embora

vou ficar aqui

só outra hora mais


se eu erro

se eu faço

se eu deixo

passar

como se nada fosse 


nada fosse tu


vou de embalo, de boa enquanto eu vê o atalho

atrás do olho as ideia retorcida 

gritando na minha cara que eu me distraio demais

lamento demais

mas só pra dentro

porque a vida ensinou a não lançar de mais

mão de mim


é o desgosto

com gosto de tudo 


pensar estraga







rasgado

 hoje não confio em você e em quase ninguém mais


tô sem palavras

negócio estranho esse de se perder das palavras. nesses últimos tempos me perdi das palavras. tinha me esquecido. e não tinha nada que pudesse fazer sobre isso. é aquela coisa da gente precisar passar pelo que precisa passar. se destruir todo 

 confiar em si mesmo. se perder de si e se encontrar no isolamento, na própria solidão. perigoso esse tal de isolamento nessa era de tanta gente escolhendo partir. ainda que isso seja pouca escolha. eu escolhi ficar por aqui, mas meio que não escolhi, sabe? mal eu sei. sei que os pensamentos se confundem com a prática. é preciso fazer algo depois de ter deixado de fazer tanto. tá tudo diferente do que um dia já foi, e sempre foi assim. nunca nada foi igual, nem vai ser igual. é hora de parar de se iludir, de achar que não tem apego. eu tenho apego, aos que amo, ao viver ao menos razoavelmente bem. a ver amor acontecendo ao redor e aqui dentro. que coisa é essa de se perder de si no outro. quem sou eu, douglas? quem a gente é? eu sou eu, ainda que me faça no outro, que relação estranha essa que deixa evidente que o mundo é muito mais que eu. se fosse só eu como seria? parte do meu inconsciente pede pela ideia. que fluxo de pensamento é esse. a desorganização tá grande, e, outro eu aceito a desorganização ou vou ficar ainda mais maluco. tô maluco até que de boa, mesmo com pontuais grandes merdas que continuam a acontecer, e que não deveriam, e que só escancaram a realidade como ela. a realidade desse lugar e desse tempo em que a gente vive. tô meramente percebendo como as coisas sempre foram destinadas a acontecer. por que eu tô aqui e os irmãos não? não sei. simplesmente não sei. sei que tô. e por aqui sigo. não troco a possibilidade dos encontros da vida pelo encontro com o que quer que seja que venha depois. depois a gente vê. não tenho pressa não. mas eu deveria estar aqui também por mim, não daquele jeito egoísta, mas enquanto existência plena do que eu nasci pra ser. esse é outro apego. apego à necessidade de propósito de si. a vida só quer ser vivida. vai vivendo. vai vendo. sobrevivendo, em meio ao caos de si e do outro. não é nem só eu, nem só o outro. é meio eu meio outro que se confundem no meio da rua, cada qual com sua própria solidão, andando desconectado. tanta gente e ninguém. 

parece que tudo que escrevo, que toda palavra que mentalizo tá carregada de extremos opostos. borderline syndrome some would say. é tipo isso, mas quem é borderline é o mundo. à beira de um colapso, talvez desde os primeiros dias. destinado ao caos e ao amor, a ironia dos opostos, ligados, conectados e desconectados ao mesmo tempo. vivendo pra si e pro outro. vou fazer da vida a minha nova mitologia, dentro de tudo que já fui, mas pra frente, pro presente.  


tô só desorganizado ou o que caralho

 lembra quando a vida era a espera de ver aqueles que deixavam a vida com cara de vida

não sei quando foi que as noite se tornaram uma espera por 

não ter mais palavras


quando foi que a vida passou?

dor

o azul do céu é ironia em um coração que sentia. a graça da vida que segue se perde diante do que a memória guarda. sou corpo vi...