terça-feira, 26 de setembro de 2023

setembro 23

 chegar ao ponto em que o fim é aceitável


>> voltar ao estado mental/espiritual de antes;

Aceitar a bosta e viver com a bosta?

decadência


decair depois de algum evento traumático e não poder voltar?


se esconder de si com distrações


se esconder de que?


esse esconder trava todo o resto e se formos longe demais não sabemos mais quem somos


program

repeat


o desejo de mudança dificulta viver o presente com o que ele tem 

talvez o segredo seja ir vivendo só e não querer mudar


fui tomar ayahuasca e não consigo dizer nem saber o que tô sentindo. tem sido assim com a maioria das coisas. tem sido difícil ser honesto comigo mesmo porque eu não sei o que tô sentindo. não sei se preciso viver com essa sensação. não sei nem o que é essa sensação. sei que tô fazendo parte do que preciso, ou tudo o que preciso.

sinto que nem tentando falar tudo de uma eu consigo não ter uma BARREIRA que analisa tudo que eu falo antes de eu falar, aí me perco nessa barreira, não sei mais por onde ela começa nem pra onde ela vai.

talvez eu só esteja tentando demais. tudo sempre foi talvez. nem quando eu era muito mais certo das minhas verdades elas deixavam de ser talvez. e não talvez na ação. talvez na consciência da limitação. talvez na certeza de que eu não saiba de nada 

fui tomar ayahuasca e pela primeira vez não percebi o que queria. talvez porque antes eu projetava o que eu queria com tanta força que isso se tornava a melhora que eu sentia. sinto algo diferente, mas saí de lá com um pouco de receio. receio de mim. receio. 

isso tudo que eu passei matou o que eu era. é bem menos divertido esse negócio de se refazer quando já se passaram quase 2 anos disso. eu tava perdido já antes, depois então nem sei. e os irmãozinhos não param de acabar com a própria vida. uns de uma vez. outros dia após dia. eu possivelmente nesse segundo grupo. o que que tá acontecendo. será que é só a vida se desenrolando mesmo. eu tinha muita expectativa no passado de que ia ficar tudo bem. passei muito tempo comendo narrativa de final feliz. cresci completamente despreparado pra queda. e aparentemente a queda sempre vem. a decadência é a regra. eu sei que dela vem a vida nova. o estranho é não conseguir se sentir vivo nessa nova vida. escrevo pra ver se eu me salvo. escrevo pra não morrer mais. escrevo pra achar as palavras de novo. eu me perdi demais muito forte. não sei onde ficaram e apesar de tudo estar aqui escrito e organizado não consigo sentir eu dentro disso aqui. eu consigo sentir, eu acho, e se eu não consigo há tanto tempo que só parece que isso tudo é o que sinto, o não sentir? sei lá. acho que eu quero saber. não sei faço mais tanta questão agora do que antes. as coisas mudam muito na vida, e a cabeça às vezes demora pra acompanhar a mudança. aceitar a vida se torna mais fastidioso (chutei a palavra, google, acertei na incerteza). segue essa linha vida. me deixa viver. não precisa ser como antes. talvez haja um desejo tão embrenhado em mim que eu não consiga ver.

o que causa a necessidade dessa barreira dentro de você, douglas? qual a razão dessa barreira existir?

enfadonho, pra disfarçar a falta de palavras. se eu tento olhar pra esse precipício, ele vira meus olhos pra longe, e eu me distraio sem querer me distrair. talvez eu tô fingindo faz tanto tempo que eu me perdi de mim. talvez pra existir em meio às pessoas eu tenha me perdido de mim. viver longe das pessoas me manda pra mais longe ainda de mim. talvez eu precise refazer minha relação com a solidão. talvez não precise de tanto. um pouco de mim, um pouco do outro. e quem eu sou nisso tudo?

turbilhão de palavras pretensiosas demais pra disfarçar a absoluta falta de ação do meu patético caminhar. coloco a culpa na super proteção em uma tentativa estúpida de explicar pra eu mesmo que eu não sei o que tô fazendo. tá em crise, né rapaz? que crise é essa se tá tudo bem? e tá tudo bem, ao mesmo tempo que não tá. não sei por causa de quê. presumo ser por tudo isso que aconteceu. noite quente de quinta-feira. palavras bambas na corda do meu ser. palavra bonita enfeita a mente da dor. 

tomei ayahuasca e me perdi das palavras aqui. parecia que ia ser bonito e acalentador. foi bonito, acalentou, mas tá tudo ainda aqui. fugiu de novo do assunto, ou tá tentando emendar as pontas. vai com calma, douglas, tamo se descobrindo gente, que não só ama, mas também sofre, caleja, acumula viver, e viver num é só flor. viver também é espinho. e espinho às vezes fura fundo, até fugir do assunto de novo com as palavras que você acha que o outro quer ouvir. tá se escondendo do que, menino? fingiu ser parceiro da morte pra disfarçar seu temor. pareceu tudo sempre tão tranquilo. talvez seja a morte do outro que espante. a absoluta solidão de existir sem mais quem ame. andar no meio dos vivos como um espírito que já partiu. teria eu me matado no lugar do meu mano? não vou saber. e talvez seja isso a morte, e o karma, viver as ações de antes, se perder de novo no assunto. "é tempo de renascer". vamo, caralho. já foi o tempo da incubação. olha o tamanho dessa impaciência. confia no processo, ainda que tudo desabe. fé na vida, hesitação pra escrever em deus, eu acho tudo muito estranho. eu acho tanta coisa que já me fudeu. inclusive essa incerteza escrota. 

essa bola dentro de mim, que eu não tenho conseguido transpassar, é a primeira vez na vida que sinto isso, sem surpresa. olha o que aconteceu. que coisa maluca. que fraquinha qualquer palavra pra dizer o que isso tudo tem sido. como caralhos aconteceu o que aconteceu. só quero viver. e viver é viver pra mim, com o outro, comigo mesmo, no outro, nessa alternância de ponto de vista. eu mesmo sou um tanto perigoso pra mim. não sei se sempre foi assim. sei que tenho um potencial gigante pra me causar dor. já nem sei. bla bla bla. dia após dia construindo a carcaça com a qual caminho. já sem tantos cortes de caminho, ou me engano de novo. 





dor

o azul do céu é ironia em um coração que sentia. a graça da vida que segue se perde diante do que a memória guarda. sou corpo vi...