terça-feira, 22 de novembro de 2022

pulso

o que a vida é não tem nome que controle

é chorar sem saber a razão (aprende)

é rir do palhaço no espelho (aprende)

é uma mistura de tempo espaço e condição (aprende, caralho)

é levar rasteira do próprio pé (toma, troxa)

passar o inverno no escuro sozinho num limbo de dor desgosto e desamor (que porra de autopiedade escrota é essa, irmão?)

é aprender na dor e no amor (agora é ideia)


mas não é só isso aí não

e talvez nem isso aí seja

que que eu acho que sei

se a maioria dos meus tombo fui eu mesmo que executei?


eu sei que pesei,

mas a vida também é sensação de maresia na cara sal a mais por paixão tesão em afeto real amor verdadeiro carinho no rosto abraço de irmão...  


foda.

de engano em engano eu andei até aqui com as minhas próprias ideia, de visão turva, estreita, fudida pela circunstância.


caralho, eu quis ir embora. 

já peço desculpas de antemão, mas eu vou pesar de novo: 

pensei em como ia fazer em quando o que ia usar onde ia ser quanto tempo ia levar pra alguém me achar será que as pessoas que eu amo iam aguentar será que eu sei o que é amor será que dá pra amar e pensar em se...? 


eu sei lá, mano

é tudo tão insano

e eu tô sem remédio: larguei a droga que me mata a alma primeiro, aí a mente, o corpo e a fé,

nas pessoas, na manhã, no espelho, no olho com sangue, no movimento do presente, na dança do agora.


prefiro as drogas que quero – santa maria, mãe de cada solo meu, te agradeço, te queimo, te trago, me acalma, põe eu na cama, o riso no rosto e a proteção no caminho.   


prefiro droga ambiente, brisa, café de manhã, tabaco, doce, beijo, abraço. o som que ouço a cor que vejo a dança que danço a rima que o mano manda no ar que me faz ver que não tamo sozinho. 

tamo aprendendo a não largar a mão de ninguém. tipo criança, um passinho de cada vez.   


irmão, a gente precisa tá aqui, com força, falando das próprias falhas, da própria mente quebrada, do sangue que escorre, do mano que não come, não vive e não sabe. 


é pros irmão que partiram que eu escrevo isso aqui, e pros irmão que ficaram e não tão sabendo onde ir. 

não se cobra tanto, parceiro. nada é tão importante que tu precise ruir. aprende a dar a mão, a pedir ajuda e a compartilhar o pão. é tudo que importa. amém. mede teu silêncio e teus ruídos, tuas ideia e teus caminho. 


                            só existe fim físico. toda dor vai embora. 


e no fim,

sei que agora eu respiro

sem pensar em partir em ruir em quebrar em corda no pescoço em desgosto.

é daqui pra frente, na força que cada olho vivo me entrega, na mão quente e na veia que pulsa.


dor

o azul do céu é ironia em um coração que sentia. a graça da vida que segue se perde diante do que a memória guarda. sou corpo vi...